quinta-feira, dezembro 28, 2006

Presente de Natal

Em um morro carioca qualquer esta Filipi, menino pobre, morador de um barraco que mal lhe cabe. Ali vive com padrasto, mãe e 4 irmãos.
Noite de Natal.
A cidade maravilhosa esta brilhante, predios, sacadas, arvores, todos trazem as luzes de Natal. Todos estão em festa.
Poucos minutos para as 22 horas, Filipi não aguenta mais esperar o momento de seu Papai Noel passar. A muito tempo ele aguarda por este presente e não vê a hora de colocar as mãos nele.
Fez tudo que podia para poder recebe-lo. Ajudou a todos, correu de um lado para o outro do morro, levando recados, pacotes, ajudava os moradores mais velhos a carregarem suas compras. Foi tornando-se amigo da comunidade. Mano Lido ensinou muita coisa.
Seu barraco era sala, cozinha e quarto ao mesmo tempo. O banheiro era destacado. Tinha uma portinha que levava ao seu acesso. Um cano largo servia de vaso e os detritos caiam na valinha que passava por baixo do barraco. O cheiro não era agradavel, mas ia se vivendo e no momento, o que interessava era seu presente.
Com ele tudo mudaria, um mundo se abriria para Filipi. Por que não dizer que o "bom velhinho" o tornaria um rei? Era seu pensamento. Papai Noel existe sim... vem pelas mãos alheias, mas existe.
As 22 horas, batem a porta. Filipi da um pulo e abre o pedaço de placa que separa sua casa do beco estreito da favela. Lá esta mano Lido. De pé, olhando Filipe.
- E ai menor, tá ligado no presente?
- Mano Lido, não pensei em outra coisa desde ontem...
- Papai Noel chegou, menor. Deixou teu presente aqui, valeu?
Falando isto, Lido estica sua mão entregando uma caixa mal embrulhada para Filipi.
- A gente se vê depois, menor. Curte um pouco o presente.
Já não precisava falar até por que Filipi já estava entrando para sentar-se a um pedaço de pau e tecido que chamavam de sofá. Suas mãos tremulas rasgaram o papel de presente e ele abriu a caixa.
O mundo girou. Era a coisa mais linda que ele já vira. Pegou com todo o cuidado, alisou, admirou e pulou do sofá. Estava decidido, iria descer naquele momento para amostrar a todos o brinquedo. Sim ele era o rei. Voava pelos corredores da favela. Muitos meninos aplaudiram e queriam ver o brinquedo. Mas naquele momento ninguem o tocaria, somente ele.
Enquanto descia o morro, seus braços o elevavam o mais alto que podia... Filipi gritava de felicidade...
Passava um pouco mais das dez... ele chegou na calçada, sabia que havia alguem na rua. Não tardou e um casal que andava as pressas, pois estavam atrasados passou.
Filipi pulou na frente do casal e falou
- Perdeu. Cuidado que meu berro canta. Ele é novo e tá doido para trabalhar. Passa a bolsa, passa.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

correção: SABIA que HAVERIA

7:48 PM  

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